A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) pediu o apoio da Defensoria Pública e do Programa de Proteção a Crianças e a Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM) no caso dos jovens Wanderson dos Santos de Assis, 19 anos, e Wesley de Moraes, de 14 anos, baleados durante o tiroteio na comunidade Danon, em Nova Iguaçu, há uma semana. A solicitação foi feita durante reunião com as famílias e representantes da Pollíci Civil, entre outros órgãos, nesta segunda-feira (27/06). Irmão de Wesley, Juan, de apenas 11 anos, está desaparecido desde o tiroteio. Segundo o presidente da comissão, deputado Marcelo Freixo (PSol), a família de Wesley precisa de proteção com urgência e a de Wanderson, do amparo da Justiça, já que ele está algemado no hospital e preso por tráfico e tentativa de homicídio, mesmo quando todos os indícios levam a crer que ele é trabalhador e estudante.
"O caso é gravíssimo. Temos três pessoas baleadas, uma criança desaparecida e tudo indica que isso ocorreu por uma ação da Polícia Militar do Rio. Então a resposta tem que ser imediata e as famílias têm o direito de ser amparadas por todos os órgãos. A comissão está acompanhando o caso desde o início e fomos os primeiros a ouvir o Wanderson", afirmou Freixo. A reunião também foi acompanhada pelo presidente da Alerj, deputado Paulo Melo (PMDB), que demonstrou solidariedade à família e afirmou que todas as medidas que puderem ser tomadas pelo Parlamento serão feitas. "Lamento profundamente, não só pelo desrespeito aos direitos humanos, como pela tortura psicológica pela qual a família do menino desaparecido está passando. Torço para que ele seja encontrado vivo e, se isso não for possível, que a família possa encontrar seu corpo para enterrá-lo com dignidade", disse o presidente, demonstrando total apoio à comissão.
Mãe de Juan e Wesley, Rosinéia Maria de Moraes chegou abatida à reunião. Ela disse não ter muita esperança de encontrar o filho com vida. "Eu ouvi a voz dele me chamando, gritando mãe, e entrei em desespero, chorei muito. É difícil ter esperança, mas estamos aqui para pedir ajuda porque ainda tenho um filho baleado no hospital e preciso cuidar de outros dois. Estou com medo, porque já me disseram que têm pessoas atrás de mim e eu não vou voltar para casa. Meu filho não era bandido, ele estava em uma passagem, em um beco, não sei o porquê disso, mas só quero que devolvam o corpo do meu bebê, só quero poder enterrar o meu filho", suplicou a mãe.
Com uma situação diferente, mas não menos importante, o pai de Wanderson esteve ao lado de Rosinéia na reunião. José Antônio de Assis levou a carteira de trabalho do filho para comprovar que ele trabalhava e disse ainda que o menino é estudante. "Ele trabalha de 8h30 até 18h30 e entra na escola às 19h. Quando ele sai não tem tempo de fazer coisas erradas. Ele é um bom filho, faz tudo comigo, é exemplar e está numa situação dessa. Cheguei ontem no hospital e ele estava algemado, com a barriga aberta e mais três tiros. Isso é muito triste para um pai, me sinto muito humilhado. Eu quero, antes de tudo, meu filho salvo, sem sofrer injustiças porque todo mundo conhece e gosta dele no trabalho e na escola", contou Assis.
Durante a reunião, representantes da Polícia Civil afirmaram que a Delegacia de Homicídios da Baixada assumiu o caso. Segundo o delegado titular da unidade, Ricardo Barbosa de Souza, as investigações já feitas pela 56ª Delegacia de Polícia, de Comendador Soares, serão aproveitadas. "As provas testemunhais e as perícias serão utilizadas. Os próximos passos, para o sucesso da investigação, devem ser mantidos em sigilo", anunciou o delegado, afirmando que poderá pedir à Justiça autorização para buscar a localização do celular que estava com Juan. Segundo a diretora do Departamento de Polícia da Baixada, Térsia Amoedo Silva, foram feitas perícias nas armas dos policiais e no local, no dia seguinte. "Estamos aguardando a perícia das armas, mas no local nenhuma prova foi encontrada. Já não havia nem marcas de sangue", informou. No caso específico de Wanderson, o promotor Leonardo Rosa afirmou que ainda hoje entraria com um pedido de liberdade provisória até o final das investigações.
Amanhã, às 10h30, a comissão irá ao Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, onde os jovens estão internados. Durante a reunião também estiveram presentes os deputados Robson Leite (PT) e Luiz Martins (PDT), a coordenadora do PPCAAM, Ingrid Hrusa e o diretor das Delegacias Especializadas,
Márcio Franco.
Texto de Marcela Maciel
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